domingo, 11 de março de 2012

Quarenta anos de uma obra-prima do rock


Exceto pelos roqueiros de plantão, pouca gente sabe que o fenômeno Led Zeppelin, nos anos 70, chacoalhou a América com a mesma intensidade que os garotos de Liverpool, na década anterior. Estádios lotados e discos em primeiro lugar nas paradas foi uma pequena mostra do barulho que os novos quatro cabeludos ingleses causaram.
O sexismo e a ironia das letras, o peso e as evoluções da guitarra de Jimmy Page, a bateria frenética de John Bonhan, os vocais histéricos e a mise en scene de Robert Plant chocaram um país que acabara de ver a contracultura esvair-se pelo ralo. Aquela sonoridade, um blues histriônico mesclado com jams jazzisticas, pegou de cheio a juventude americana.
Alvo de criticas pesadas desde o album de estreia (ate o quarto trabalho, todos foram intitulados com algarismos romanos), o grupo dividiu opiniões. Ver típicos britânicos acelerando e, muitas vezes, esculhambando com duas instituições nacionais (o blues e o jazz) era revoltante - pense em portugueses caricatos fazendo samba com trajetos a esmo.
Até congressistas se manifestaram contra aquela onda. Mas os jovens não ligaram. Corriam até a loja mais próxima, cada vez que um novo disco chegava ao mercado. Principalmente quando surgiu o IV - 23 milhões de cópias vendidas apenas nos EUA; quase 40, em todo o mundo. No dia 8 de novembro do ano passado, foi comemorado seu 40° aniversário de lançamento.
Tudo começou com Jimmy Page na luta para manter o mítico Yardbirds em atividade - que ainda capengou por 2 anos, após a saída do outro líder, Jeff Beck (substituto de ninguém menos que Erick Clapton!). Até que uma audição de um loiro sensual cantando Somebody To Love, do Jefferson Airplane, em um bar, mudaria seus planos.
A manutenção do nome The New Yardbirds foi provisória. Logo viram que a fama de problemáticos era um fardo pesado para a banda recém-criada. De uma frase do amigo Keith moon, lendário baterista do The Who, ao brincar com a possibilidade de tocar em um projeto paralelo com Page e Beck, veio a inspiração: "provavelmente subiria como um Lead Zeppelin".
Bastou retirar o 'a', evitando pronunciar "lid", para dar inicio a uma das melhores obras roqueiras de todos os tempos. Depois de três maravilhas, em 2 anos, a aparição de IV consolidou o 'rock do pau' como som da geração setentista. A história do Led Zeppelin pode ser contada por esse álbum. Pérolas como Rock And Roll, The Battle of Evermore e a épica e anticomercial Stairway to Heaven, explodiram a zeppelinmania.
Para o diretor Cameron Crowe, que viria a metafozizar a ascensão do Led Zeppelin no filme Quase Famosos, "foi como um tornado que atravessou o país inteiro". Ao ouvirmos IV, temos a sensação de que nada mudou. A porrada continua a mesma. As oito musicas mantem a áurea licenciosa e depravada dessa verdadeira obra-prima juvenil.  (C.C)

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