domingo, 18 de março de 2012

Viagem na maquina do tempo

Rush e Deep Purple lançam novos DVDs ao vivo; grupos sexagenários mostram energia e virtuosismo único em acerto clássico do progressivo e do hard rock.

Duas bandas fundamentais para o mundo do rock estão com DVDs novos no mercado. Sexagenários, datados, não importa. Rush e Deep Purple ainda quebram tudo e um pouco mais. Se aqueles são virtuosos e ricos em melodias; estes seguem a essência do hard rock: riffs poderosos, vocais rasgados e seção rítmica suingada.
Falarei primeiro do Deep Purple With Orchestra - Live At Montreux 2011, quarta apresentação ao vivo gravada pelos ingleses no famoso festival de jazz (hoje aberto a vários gêneros). São 18 musicas acompanhadas pela Neue Philharmonie, de Frankfurt, conduzida pelo regente Steve Bentley-Klein. Mas engana-se quem pensa em releitura de temas clássicos do Purple.
O acréscimo de orquestra serve de complemento à sonoridade conhecida. Portanto, é um show de rock para o publico do Auditorium Stravinski, que viu no ano retrasado o projeto Concert for Group and Orchestra, execussão na integra do álbum homônimo de 1969, composto pelo antigo e mítico tecladista John Lord.
Tudo bem, a voz do Ian Gillian não é mais a mesma. Afinal, são 66 anos de urros e falsetes apocalípticos e notas estratosféricas, que o credenciaram como um dos maiores vocalistas dos anos 70. Mesmo assim, o esforço e a historia contribuem para o vigor do show - que perfaz a trajetória de mais de 45 anos.
As estruturas básicas são mantidas. Logo na abertura, a orquestra alemã prepara o terreno para a explosão e Highway Star, talvez o maior clássico da banda. Depois vem uma penca de hits, como Maybe I'm Leo, Smoke on the Water e a bela When a Blind Man Cries. Em todas elas, chama a atenção o talento do guitarrista americano Steve Morse - que fala sobre a relação com "os chefes", nos extras.
Como uma superbanda, cujo entra e sai de integrantes divide fãs, a formação atual, com Gillian, Ian Paice, o único original, na bateria Roger Glove, no baixo, Morse na guitarra e o tecladista Don Airey, dá conta da herança dos 18 discos de estúdio - um dos maiores e melhores acervos do rock pesado.

Trinca Virtuosa

Por sua vez, os canadenses do Rush hipnotizam em Time Machine 2011: Live in Cleverland. A bonita embalagem em digipack guarda conteúdo de 2 sets, intercalados por pequenos videos humorísticos, protagonizados por Geedy Lee, Neil Peart e Alex Lifeson. É a maior produção de som, luz e imagem nos 40 anos do grupo.
Desde o surgimento, os 3 ficaram conhecidos por suas habilidades instrumentais, com composições complexas e letras 'cabeçudas', que abordam a ficção-cientifica, a fantasia e a filosofia, assuntos humanitários, sociais e ambientais. E aqui surge a maestria do trio, em jams progressivas para uma platéia atenta, com letras na ponta da lingua.

domingo, 11 de março de 2012

Revival de Clássicos



O ano de 2011 foi marcado pelo relançamento de álbuns históricos, geralmente com aniversarios de pretexto. Foi o caso dos 20 anos de Nevermind, do Nirvana; dos 40 anos de Aqualung, do Jehtro Tull e, sobretudo, do projeto Why Pink Floyd...?, onde os quatorze discos da banda foram remasterizados - edições especialíssimas dos três maiores sucessos do Pink Floyd, The Dark Side the Moon, Wish You Were Here e The Wall bagunçaram o orçamento de fim de ano dos fãs.
Outro destaque em 2011 veio das areias Psicodélicas das praias californianas. Engavetado desde 1967, após desentendimentos entre integrantes e produtores, o álbum Smile, dos Beach Boys, foi, finalmente lançado. Composto por Bryan Wilson, líder inconteste da banda, era o contraponto americano a Sgt. Peper's, dos Beatles - o embate entre os super grupos começou um ano antes, quando Rubber Soul e Pet Sounds soaram o gongo.
No Brasil, o chatinho Marcelo Jeneci ganhou ares de novo Chico Buarque, com seu feito pra acabar; assim como uma penca de cantoras comuns infestaram as páginas impressas e virtuais com trabalhos que o tempo mostrará o quanto são inúteis - casos de Tulipa Ruiz, Karina Buh, Cibelle e Barbara Eugênia.

Livros
Já na literatura musical, os dois nomes da história tiveram obras significativas no mercado. O Pequeno Livro dos Beatles, de Harvé Bourhis, trouxe a saga dos Fab Four em quadrinhos, com uma riqueza de impressionaram até o mais profundo beatlemaníaco. Enquanto Barry Miles, um dos jornalistas mais inseridos no contexto do final dos anos 60, contou o dia a dia dos meninos de Liverpool em O Diário dos Beatles.
Por sua vez, Elvis Presley e a Revolução do Rock, de Sebastian Danchin, revelou uma emocionante e diferente trajetória do verdadeiro Rei. Difícil Lê-lo e não se desmanchar em lágrimas. Da mesma orma que O Retorno do Rei - A Grande Volta de Elvis Presley tem potencial que para arrancar lágrimas do mais durão dos roqueiros.  (CC) O Jornal de Hoje

Quarenta anos de uma obra-prima do rock


Exceto pelos roqueiros de plantão, pouca gente sabe que o fenômeno Led Zeppelin, nos anos 70, chacoalhou a América com a mesma intensidade que os garotos de Liverpool, na década anterior. Estádios lotados e discos em primeiro lugar nas paradas foi uma pequena mostra do barulho que os novos quatro cabeludos ingleses causaram.
O sexismo e a ironia das letras, o peso e as evoluções da guitarra de Jimmy Page, a bateria frenética de John Bonhan, os vocais histéricos e a mise en scene de Robert Plant chocaram um país que acabara de ver a contracultura esvair-se pelo ralo. Aquela sonoridade, um blues histriônico mesclado com jams jazzisticas, pegou de cheio a juventude americana.
Alvo de criticas pesadas desde o album de estreia (ate o quarto trabalho, todos foram intitulados com algarismos romanos), o grupo dividiu opiniões. Ver típicos britânicos acelerando e, muitas vezes, esculhambando com duas instituições nacionais (o blues e o jazz) era revoltante - pense em portugueses caricatos fazendo samba com trajetos a esmo.
Até congressistas se manifestaram contra aquela onda. Mas os jovens não ligaram. Corriam até a loja mais próxima, cada vez que um novo disco chegava ao mercado. Principalmente quando surgiu o IV - 23 milhões de cópias vendidas apenas nos EUA; quase 40, em todo o mundo. No dia 8 de novembro do ano passado, foi comemorado seu 40° aniversário de lançamento.
Tudo começou com Jimmy Page na luta para manter o mítico Yardbirds em atividade - que ainda capengou por 2 anos, após a saída do outro líder, Jeff Beck (substituto de ninguém menos que Erick Clapton!). Até que uma audição de um loiro sensual cantando Somebody To Love, do Jefferson Airplane, em um bar, mudaria seus planos.
A manutenção do nome The New Yardbirds foi provisória. Logo viram que a fama de problemáticos era um fardo pesado para a banda recém-criada. De uma frase do amigo Keith moon, lendário baterista do The Who, ao brincar com a possibilidade de tocar em um projeto paralelo com Page e Beck, veio a inspiração: "provavelmente subiria como um Lead Zeppelin".
Bastou retirar o 'a', evitando pronunciar "lid", para dar inicio a uma das melhores obras roqueiras de todos os tempos. Depois de três maravilhas, em 2 anos, a aparição de IV consolidou o 'rock do pau' como som da geração setentista. A história do Led Zeppelin pode ser contada por esse álbum. Pérolas como Rock And Roll, The Battle of Evermore e a épica e anticomercial Stairway to Heaven, explodiram a zeppelinmania.
Para o diretor Cameron Crowe, que viria a metafozizar a ascensão do Led Zeppelin no filme Quase Famosos, "foi como um tornado que atravessou o país inteiro". Ao ouvirmos IV, temos a sensação de que nada mudou. A porrada continua a mesma. As oito musicas mantem a áurea licenciosa e depravada dessa verdadeira obra-prima juvenil.  (C.C)